sexta-feira, 28 de agosto de 2020

ALGORITMO TENDENCIOSO CRIA BOLHA NAS REDES SOCIAIS.

 

Mídias Digitais 2018
, 2018 · 4 min read

Especialistas alertam sobre perigo das informações contidas na internet

Isabela Madeira, Leticia Gomes e Yasmin Vilar

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Sequência de comandos na rede social definem o conteúdo acessado pelo usuário | Foto Yasmin Vilar

A internet e as mídias sociais são os meios mais procurados para se informar nas eleições, especialmente entre os jovens, com média de 42,5% de preferência, como mostra a pesquisa realizada pelo Instituto Paraná Pesquisa, em agosto. O problema é que essa seleção, perceptível nas discussões, tem efeitos perigosos na hora de se informar. “O algoritmo do Facebook é tendencioso”, afirma Bruno Nogueira, engenheiro de vendas e consultor de marketing da IBM Brasil.

Os algoritmos são sequências de comandos lógicos na internet para trazer conteúdos compatíveis com o interesse do usuários. Curtidas, compartilhamentos e comentários — todas as interações são utilizadas para montar um dossiê sobre o usuário nas redes sociais, restringindo o conteúdo a somente aquilo que a pessoa deseja ver. “Supondo que você tenha 60% dos amigos falando dos partidos de esquerda e 40% falando de partidos de direita, sem ter um posicionamento definido, você vai ver muito mais conteúdo de esquerda, o que pode vir a influenciar o seu voto”, afirma Nogueira.

Ele explica que o Facebook faz uma seleção diária de coisas que ele acha que você quer ver baseado em dados das suas navegações na plataforma. “Desse modo, quanto mais amigos em comum postarem ou comentarem um mesmo assunto, mais ele aparece para você”.

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O social media Fábio Oliveira explica como o algoritmo personaliza a linha do tempo | Foto Arquivo Pessoal

Para se manter informado em período de eleições o melhor método é reconhecer o problema. “O primeiro passo é entender que você está em uma bolha”, afirma o social media Fábio Oliveira. A consequência dessas bolhas sociais é a disseminação de notícias falsas e de grupos ideológicos tendenciosos.

As interações permitem que os algoritmos ditem o conteúdo que aparece em sua timeline. Em uma espécie de biblioteca virtual, todas as ações formam um dossiê completo sobre a vida do usuário e seu estilo de vida. Uma pesquisa realizada pela Universidade de Cambridge, no Reino Unido, utilizou algoritmos em testes de personalidades para descobrir com quantos likes é possível conhecer o usuário. Os resultados indicam que com uma média de 100 curtidas, já é possível identificar orientações sexuais, posicionamentos políticos, crenças religiosas, entre outras informações.

Além da seleção do conteúdo em destaque, as redes sociais dão preferência a publicações de amigos e familiares à de páginas e portais de notícias, como explica o social media. “Elas entendem que o usuário gostaria de ver mais o que as pessoas próximas estão publicando do que as marcas. Venho dizendo que, essas redes se tornaram veículos de mídia para as marcas, sendo necessário investir pois raramente elas vão ter um bom engajamento sem esse recurso”, explica Oliveira.

Esse meio pode ser uma das grandes estratégias nestas eleições, já que os candidatos podem utilizar postagens patrocinadas para obter um maior alcance. No Facebook, a prática foi liberada mediante uma identificação especial, que situa o eleitor sobre o caráter do conteúdo e o CPF ou CNPJ de quem impulsionou a publicação, que deve ser brasileiro. A medida visa evitar problemas com impulsionamento de posts como ocorrido durante as eleições americanas em 2016.

A participação do jovem

As mídias sociais como nova ferramenta para candidatos que querem se eleger é um cenário que ainda não pode ter o impacto mensurado. “É difícil afirmar categoricamente que as redes sociais influenciam no voto dos jovens, mas é uma realidade que elas possuem um papel importante nessas eleições e na escolha do candidato”, esclarece José Renato de Campos Araújo, sociólogo professor da USP.

Os escândalos de corrupção recentes e a liberdade de se expressar nos perfis online, são responsáveis pela discussão política entre jovens nas redes, mas a qualidade da informação compartilhada é cada vez mais duvidosa. “Discursos tendenciosos, como os relacionados à ditadura militar, ganham visibilidade, que ajudam a formar uma imagem que não foi real. Isso porque a formação de história do Brasil é deficiente e sabe-se muito pouco sobre os fatos”, afirma o sociólogo.

Ele ainda explica que o jovem, hoje, não é necessariamente mais engajado, apenas tem mais meios para se expressar. A diferença na maneira de se comunicar trouxe muitos benefícios como a democratização da informação, mas também acarretou outras dificuldades, como a falta de credibilidade das notícias veiculadas. O sociólogo salienta que dentre as motivações, a falta de interpretação e leitura são as maiores responsáveis para o fenômeno.

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Infográfico sobre o funcionamento do algoritmo na rede social

terça-feira, 4 de agosto de 2020

FOLCLORE

Por folclore entendemos as manifestações da cultura popular que caracterizam a identidade social de um povo. O folclore pode ser manifestado tanto de forma coletiva quanto individual e reproduz os costumes e tradições de um povo transmitidos de geração para geração. Sendo assim, todos os elementos que são parte da cultura popular e que estão enraizados na tradição desse povo são parte do folclore.

As manifestações do folclore dão-se por meio de mitoslendascançõesdançasartesanatosfestas popularesbrincadeirasjogos etc. O folclore é parte integrante da cultura de um povo e, por isso, é considerado pela Unesco como Patrimônio Cultural Imaterial, sendo imprescindível a realização de esforços para a sua preservação.

Acesse tambémO dia em que é comemorado internacionalmente o folclore

Origem do termo

A palavra folclore tem origem no inglês e é oriunda do termo folklore. Esse termo, por sua vez, foi originário da expressão folk-lore, criada por um escritor chamado William John Thoms, em 1846. Em 22 de agosto de 1846, uma carta de Thoms enviada à revista The Atheneum foi publicada.

O termo de Thoms baseava-se em duas palavras:

  • Folk, que significa povo;

  • Lore, que significa conhecimentosaber.

Assim, a junção das duas palavras, conforme o próprio Thoms, significa saber tradicional de um povo. A palavra proposta de Thoms não foi adotada logo de imediato e só se popularizou quando surgiu a Sociedade do Folclore em Londres, no final do século XIX.

História do folclore

folclore enquanto área de estudo começou a consolidar-se a partir do século XVIII, mas se firmou de fato somente no final do século XIX, quando instituições voltadas para estudos nessa área começaram a surgir na Europa e nos Estados Unidos. Seus especialistas consideram que os grandes pioneiros do estudo do folclore são Johann Gottfried von Herder e os irmãos Grimm.

Na medida em que o interesse pelo assunto disseminou-se, começaram a surgir sociedades voltadas para o estudo do folclore, sendo a citada Sociedade do Folclore (Folklore Society), fundada em 1878, a primeira delas. Essa determinou que dentro do folclore poderia incluir-se:

  1. Narrativas tradicionais: contos, mitos e lendas populares;

  2. Costumes tradicionais: costumes como as festas populares;

  3. Crenças e superstições: saberes relacionados à magia, bruxaria etc;

  4. Linguagem popular: dialetos falados e os jargões populares.

Por meio dessa sociedade londrina, o interesse no estudo do folclore espalhou-se, alcançou outros países da Europa, os Estados Unidos e, por fim, chegou ao Brasil. Claro que, ao longo desse processo, e na medida em que os estudos na área avançavam, novas definições surgiram e avanços sensíveis aconteceram.

Aqui no Brasil, alguns nomes, como Luís Câmara CascudoMário de Andrade e Florestan Fernandes, destacaram-se no estudo do folclore. O primeiro congresso realizado no Brasil sobre folclore deu-se somente em 1951, sendo realizado no Rio de Janeiro. Um dos debates mais importantes que ocorreram nesse evento foi sobre as características para definir-se o que é folclore, algo que até hoje gera muita discussão entre os especialistas.

Características do folclore

As características do que pode ser definido ou não como folclore foram arduamente debatidas por intelectuais europeus e americanos. Esse debate, no entanto, não se encerrou, e aqui no Brasil diversos elementos do que se caracteriza como folclore ou são rebatidos ou são relativizados. Sendo assim, percebe-se que não existe um consenso entre os especialistas, e as características levantadas aqui não são unânimes.

Algumas das características do folclore são:

  • Origem anônima: Muitos definiram que um elemento para ser considerado folclórico tem de ter origem anônima, mas essa característica tem sido bastante questionada pelos estudiosos;

  • Transmissão oral: O saber que faz parte do folclore de um povo tem de ser transmitido oralmente;

  • Popularização coletiva: Tem que se popularizar na cultura de um povo;

  • Surgimento espontâneo: Os elementos da cultura que formam o folclore surgem de maneira espontânea.


Personagens do folclore

O cavaleiro sem cabeça é um personagem que surgiu na Europa e é famoso no folclore dos Estados Unidos.
O cavaleiro sem cabeça é um personagem que surgiu na Europa e é famoso no folclore dos Estados Unidos.

O folclore naturalmente não é um elemento presente em lugares específicos, mas é algo manifestado por todas as culturas, pois todas elas têm o seu conjunto de crendices, mitos, tradições e personagens que compõem seu saber popular. Sendo assim, separamos esse espaço para citar alguns personagens que são parte do folclore de outras culturas que não a brasileira.

  • Cavaleiro sem cabeça: lenda tradicional que surgiu na Europa medieval e que chegou aos Estados Unidos, onde se popularizou. A lenda fala de um cavaleiro decapitado que vaga à procura de sua cabeça.

  • Gashadokuro: figura sobrenatural do folclore japonês. Na lenda japonesa, é um esqueleto gigante, formado dos ossos daqueles que morreram de fome, que vaga pelos campos do Japão à procura de viajantes para alimentar-se deles.

  • Chorona: personagem presente no folclore mexicano, que fala de uma mulher aos prantos e que ficava às margens de rios e lagos. Aqueles que ousavam aproximar-se dela morriam ou sofriam com outras consequências.

Acesse tambémA origem da Festa Junina, importante festa popular do Brasil

Folclore brasileiro

O saci-pererê é um dos personagens mais famosos do folclore brasileiro.
O saci-pererê é um dos personagens mais famosos do folclore brasileiro.

O Brasil, naturalmente, possui o seu conjunto de elementos que formam o folclore brasileiro. É um consenso entre os estudiosos do assunto que danças, festas, lendas, jogos e personagens que compõem o folclore do Brasil são de origem europeia, portuguesa sobretudo, e também indígena e africana. Sendo assim, houve uma fusão de elementos de diferentes culturas. Alguns personagens do folclore brasileiro são o saci-pererê, a iara, o boto, o curupira, entre outros.

Crédito de imagem

[1] Orhan Cam e Shutterstock


Por Daniel Neves
Graduado em História

As danças são uma parte importante do que forma o folclore de um povo. Na imagem, estão dançarinos de uma dança típica do Egito. [1]
As danças são uma parte importante do que forma o folclore de um povo. Na imagem, estão dançarinos de uma dança típica do Egito. [1]

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